GUERRA DO VIETNÃ

25/11/2011 21:43

Vietnã (1964-1975): paz e guerra
Com o término da II Guerra Mundial, em 1945, duas nações se consolidaram como as principais potências bélicas e econômicas mundiais: Estados Unidos da América, representante do sistema capitalista; e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), representante do comunismo.

Após a II Guerra Mundial ocorreu a bipolarização do mundo: capitalismo vs. comunismo, o que deu início à chamada Guerra Fria. A compreensão desse contexto histórico é fundamental para o claro entendimento da Guerra do Vietnã (1964 a 1975).

Nas primeiras décadas do século XX, a península da Indochina (sudeste asiático) conseguiu conquistar a independência da França, fundando a República Democrática do Vietnã, que tinha como principal líder o comunista Ho Chi Minh. A França relutava para reaver o território perdido, reconhecendo somente a parte norte como independente. Os franceses foram derrotados pelos vietnamitas em 1954.

Com a Conferência de Genebra (1954), o Vietnã foi dividido em duas partes: a parte do sul, capitalista e ditatorial, com a capital na cidade de Saigon, era financiada belicamente e economicamente pelo presidente norte-americano Eisenhower; e a parte norte, comunista, com a capital em Hanói, liderada por Ho Chi Minh. Entretanto, o objetivo da Conferência era a unificação do país, o que não ocorreu.

A Guerra do Vietnã começou “oficialmente” em virtude do não cumprimento da Conferência de Genebra, mas os motivos ideológicos prevaleceram, levando o bloco de países capitalistas a declarar hegemonia sobre o bloco de países comunistas. Portanto, o general Ho Chi Minh (comunista) contrariava a política econômica das potências capitalistas imperialistas.

O Vietnã do norte (comunista) foi apoiado pela China e pela União Soviética, também comunista; e o Vietnã do sul teve uma ditadura financiada pelos Estados Unidos, que visavam evitar a expansão comunista. Entretanto, existia uma forte resistência comunista ao sul e foi a partir dela que a guerra começou.

A Guerra do Vietnã foi o acontecimento que mais “manchou” a carreira militar dos Estados Unidos no século XX; muitos pesquisadores disseram que foi a maior derrota militar dos norte-americanos. Milhares de mães e esposas perderam seus filhos e maridos, respectivamente, no conflito. A imprensa agiu de forma intensa no conflito, retratando as mazelas da guerra e o massacre que os estadunidenses acarretaram à população vietnamita.

Com o decorrer do conflito, a guerra simbolizava a derrocada da maior potência Capitalista ocidental (EUA) por um ínfimo país de Terceiro Mundo (Vietnã). Os EUA utilizavam armamentos sofisticados: tanques, jatos, radares, bombas, armas químicas (bomba de napalm) e helicópteros; enquanto os vietnamitas usavam morteiros, fuzis e armas de madeira com venenos. Os vietcongues (guerrilheiros comunistas) prevaleceram, sobretudo pelo extremo conhecimento da floresta, o que propiciou a utilização de táticas de guerrilha.

Vários cineastas representaram criticamente a política bélica norte-americana no Vietnã, como no clássico filme “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, e no filme “Platoon” (1986), de Oliver Stone. A indústria musical também contribuiu para tecer críticas ao governo americano – um exemplo é a música “The unknown soldier” do grupo The Doors.

A grande divulgação da imprensa mundial (e, principalmente, estadunidense) dos conflitos no Vietnã (mortes, massacres de crianças...) foi fundamental para criar na população mundial uma repulsa ao conservadorismo, à guerra e às armas, desencadeando, nos anos 1970, o movimento Hippie e os movimentos de contracultura.

Por Leandro Carvalho