PERÍODO JOANINO (1808 - 1821)

25/11/2011 21:56

 

A chegada da Família Real e as transformações experimentadas no Brasil.
Quando observamos a situação da colônia brasileira no século XVIII, notamos a presença de várias rebeliões que questionaram ou defenderam a extinção do pacto colonial. Contudo, apesar das insatisfações, percebemos que o nosso processo de independência aconteceu pela influência de fatores ligados às relações políticas dos países europeus e o desenvolvimento do capitalismo industrial.

No começo do século XIX, a França passava por um processo revolucionário francamente combatido pelas demais monarquias da Europa. Além disso, o governo francês, então liderado por Napoleão Bonaparte, enfrentava sérias dificuldades econômicas que impediam a imposição do novo governo. Nesse contexto, a Inglaterra era a principal adversária da França Revolucionária, seja em âmbito político ou econômico.

Para superar as dificuldades vividas, Napoleão decidiu proibir que qualquer nação do continente europeu realizasse comércio com os britânicos. Com isso, enfraqueceria seus rivais e poderia conquistar novos mercados. No entanto, várias nações da Europa dependiam enormemente da indústria inglesa e não poderiam simplesmente esperar que os franceses assumissem o papel econômico britânico da noite para o dia.

Em pouco tempo, alguns países descumpriram a exigência de Napoleão e este, por sua vez, invadiu vários países da Europa. Integrando esse grupo de insurretos, o governo português temia que Napoleão dominasse em um só tempo o território lusitano e suas ricas possessões coloniais. Dessa forma, o príncipe regente Dom João VI realizou a inusitada transferência da família real para o Brasil com auxílio das tropas britânicas.

Mais do que uma simples mudança, tal fato promoveu profundas transformações no cenário político e econômico brasileiro. Respondendo à prontidão da ajuda dos ingleses, D. João VI estabeleceu a liberdade de comércio dos portos brasileiros com as embarcações de qualquer parte do mundo. Com isso, pagando um taxa alfandegária preferencial, as mercadorias inglesas inundaram a economia nacional e impediram o desenvolvimento da indústria local.

Os grandes proprietários da colônia foram amplamente beneficiados com a ampliação das liberdades comerciais. Além de possibilitar o acesso a uma maior gama de produtos industrializados, a abertura dos portos concedeu um visível alargamento dos lucros obtidos com a comercialização dos gêneros agrícolas com as nações da Europa. Nesse sentido, vemos que a administração joanina ganhou uma relativa sustentação política.

No entanto, vemos que essa nova página da história brasileira não significava apenas uma nova fase de benefícios. Em Pernambuco, uma revolta de natureza republicana foi contra a elevação dos impostos promulgada por Dom João VI. O aumento das tarifas foi um desdobramento da ampliação dos cargos públicos e o envolvimento em guerras que prejudicavam o equilíbrio das finanças governamentais.

Por fim, na década de 1820, uma revolução liberal em solo lusitano exigiu não só o retorno de D. João VI para a Europa, bem como o fim das concessões oferecidas ao Brasil. A partir desse momento, integrantes da elite local se movimentaram em torno da possibilidade da independência. Para tanto, valeram-se das ambições do jovem Dom Pedro I, que encerrou esse período oficializando a autonomia do Brasil às margens do rio Ipiranga.